1999...

Você sempre fez o que bem entendeu da sua vida, eu tratei de fazer o mesmo, é estranha a sensação de me sentir errada em fazer uma coisa que eu via você fazendo, não me venha dar lições de vida, você é inteligente o suficiente para ver os erros. Não o culpo por tentar uma aproximação, mas devia ter pensando antes de partir, antes de partir o coração das pessoas que acreditavam e confiava em você. Não se sinta culpado por tudo isso, só entenda que o tempo passou, e que as pessoas talvez não mudam de uma forma radical, mas crescem. Eu cresci, e você não viu isso, não entendeu que as coisas passam de uma forma grotesca. Doí o coração até hoje, existem coisas que o tempo não vai apagar, nada irá cicatrizar as feridas feitas por aqueles finais de semanas ausentes. Você vai precisar entender isso, do mesmo jeito que entendi que você optou por outra vida. Não venha falar ao contrario, você não sabe o quanto foi difícil aqueles dias que eu via seus surtos e você sumia. Toda dor ainda permanecerá e talvez magoa não seja a palavra certa. Mas por favor, não force algo, como se estivéssemos em outra década...

Incerto.

Eu não queria estar lá...talvez eu nunca tomei a real iniciativa, mas sempre estive aqui, rindo as vezes sem vontade porque são poucas as pessoas que me fazem perder o folego. Talvez eu sinta muito por isso, não por não poder consertar, mas por não ter feito algo melhor. Eu sabia que eu seria capaz de algo melhor, mas não fui atrás, nunca tive força para olhar atrás do muro. Fiquei aqui hipnotizada por um par de olhos claros.E eu não o culpo, alias, eu não culpo ninguém, eu optei por isso, eu quis ficar quando tive a oportunidade de ir. Talvez eu não possa reclamar. Talvez seja sina. Talvez seja comodismo. Talvez seja amor. Ou talvez seja tudo isso misturado no café, e de tanto tomar a dose, já não me causa efeito. As vezes penso que deveria causar um efeito maior. Antes causava, hoje talvez somente algumas faíscas. Não é triste quando isso acontece?